sábado, 9 de novembro de 2013

Não adianta

E quem quer que olhe pra sua pele morena delineando a superfície de suas curvas, jamais atentará para as várias marcas de batalhas, que desobedientes, não sumiram com o tempo. Essas cicatrizes a tatuaram e a transformaram em mais uma portadora da doença que assola as pessoas que ousam amar. Ela virou um quadro. Em estado grave. No qual sua felicidade dividia relutantemente espaço com a agonia em seu peito. Qualquer um que se julgasse esperto o suficiente pra desvendar o olhar dessa que lhes encanta com um sorriso doce, contribuiria, mesmo que de leve para o crescimento pavoroso de suas feridas. Abertas e queridas por ela, pelo simples fato de faze-la se sentir humana. Ela regozija por ser abençoada a cada dia com a esperança de achar uma resposta para a sua penosa existência. Se cansa ao final de cada luta diária, pois não pode salvar o mundo, quando o mesmo se encontra inteiro dentro de si. E se perde. Educada de nascença, ela pede licença a abriga todas as dores, amores, cores, sabores, temores. Não poder ajudar lhe causam tremores e sem perceber, ela entrega seu melhor lugar aos horrores de ser especial. E novamente ela se divide. Entre os vários caminhos diferentes, tomados pelos seus sentimentos. Latentes. Dos quais a movem. A sua vida se resume a isso. A se dopar de uma imensa alegria afim de esconder o que ninguém enxerga. Se contorcer de dor por dentro, sem saber se terá um dia alivio e alento. A sua vida se resume a isso. Viver. Rezar. Amar. Chorar. Dormir. Comer. Pois o resto mesmo, ninguém pode entender.

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