domingo, 29 de setembro de 2013

Um dia

Fico me perguntando o que teria acontecido, não é normal alguém não notar o que até eu que não a conheço tenho visto. Leio as palavras de uma voz que se cala, por não poder gritar mais alto que a distância que os separa. Distância essa que se torna espetáculo, é assistida pelos olhos tristes e chorosos de quem se consola no balançar de seus cachos. De quem se contenta em saber escrever, por não ter mais opção se não lembrar de você. Amor fugitivo, amor transparente. Esse amor virou um espelho, que enxerga o feliz, mas não reflete o contente. Quem te viu e quem te vê já até um pouco te entende, e quem é humano, divide a mesma esperança que traz a certeza, que esse sorriso do seu perfil, vai voltar em um jantar, a luz de velas, acompanhado de um doce vinho branco, coração batendo sobre a mesa, ao ouvir do seu amor “eu te amo”.

Foi depois de me sentir por muito tempo contente, que percebi que os sintomas só indicavam que eu estava doente. Doente como o cravo, mas não depois ter brigado com a rosa, era uma doença boa, doença de origem amorosa. Amor de ouro, amor dourado, não como o alecrim que nasceu no campo mesmo sem ser semeado, até porque esse amor, por muitas vezes foi regado. Banhado pelas águas que não achei no tororó, nem no sertão pra onde se mudou a sereia, mas sim pelas lagrimas de paixão da bela de quem eu roubei o coração, já que ela tinha roubado o meu também. E essa febre que me assombra, aumentando a temperatura do meu corpo quando penso que a qualquer minuto você pode por aquele caminho você pode chegar, me relembra que o que sinto por ti é forte, tão belo, que nem precisaria pedir nem manda, eu mesmo pegaria os brilhantes, eu mesmo começaria a ladrilhar.

sábado, 28 de setembro de 2013

Até hoje

A minha fome de escrita excede a necessidade do corpo, não é a carne quem perece, mas sim a alma quem sofre e rapidamente cresce, se expande, agigantando uma vontade quase que perturbante, de ser nutrida pelo alimento que sai do coração desse jovem amante. Alimento esse que Viaja pela mente, cumprimenta as lembranças, abraça a saudade e caminha com a esperança, até chegar em um mundo físico e palpável, se transformar nas mais diversas letras de um alfabeto que começa com Amor, palavra que hoje pra mim rima apenas com a dor. Dor não passageira e sim constante e companheira, de sonhos perdidos nos passos de um adeus onde o plano de fundo era o aeroporto em que meu anjo alçou voo, me deixando só a certeza de que as asas ficaram para traz como um lembrete de que a passagem era mesmo só de ida.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Malu

O que lhe falta de dente no sorriso, sobra de alegria no caminhar. Sobra de pressa nos olhos pequeninos que se alargam quando um passo em falso ela da. O que lhe falta em experiência, lhe sobra em essência, em perfume, em cheiro de lavanda, que se espalha pela casa conforme ela anda, conforme ela canta, grita as palavras que mal, mal são compreendidas, mas que são gostosas, só por serem ouvidas. O que lhe falta de destreza, lhe sobra de impaciência, fica nervosa, se irrita quando em pé ela não se sustenta, mas firme e teimosa ela tenta, se entorta, e a gente de longe só torce, as vezes ri que não se aguenta. As vezes chama a atenção dela, faz careta e com ela canta, repete sem zombar dela, sem esperança de que ela entenda. E nisso ela vai levando, um pé de cada vez, sempre se esforçando, sempre um passo para frente, bem de leve já caminhando. E como descrever esse momento? Parece que a qualquer minuto tudo se acabará com o vento. Como é frágil esse meu amor e como ele me deixa forte, olho pros cabelos dourados da mãe e só penso no quanto temos sorte, de esperar com a alegria na ponta dos dedos, que a menina encantada que transborda desejo se sinta à vontade ao chegar no destino chamado aconchego.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Simples

Sinto falta do cheiro de mulher que tinha no seu corpo de menina. Da forma infantil e ingênua em que brincava na piscina. Do jeito surreal de rir de uma piada. De me perturbar a mente com enigmas e xaradas. Sinto falta das suas pequenas mãos tentando alcançar o meu cabelo. Dos dedos que se encaixavam perfeitamente nos meus cachos, já que só você tinha o jeito, a manha. De ouvir o seu "alô" eu sinto uma falta tamanha. De atravessar ofegante todas as praças da cidade, percorrer um longo caminho pra chegar no final da tarde e assistir meu amor comendo chocolate, o mesmo que hoje em dia amarga a minha boca, tem cheiro de tristeza e é vendido com o nome de saudade.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

indubbiamente

Eu fiquei abismado quando a imagem dela me tomou o ar, na hora me peguei quase que ouvindo a voz dela dizendo “respirar não significa estar vivo” e pra falar a verdade, me senti aliviado ao saber disso. Sempre me surpreendi com as maravilhas que o destino nos apresenta, em um mundo cheio de tudo que somente aparenta, mas que nunca na verdade é, tem gente que até tenta. Sempre imaginei que a beleza verdadeira se escondia por traz dos olhos que quem vê, mas a partir de hoje defendo ferozmente que essa beleza brincalhona paira por ai, e se aloja onde bem entende, onde bem quer, onde bem lhe cabe e eu não preciso acompanhá-la pra saber que ela gosta de recostar na ondulação dos cachos dela, isso é nítido, visível. Comecei então a perceber que a beleza não gosta da solidão, de companhia tem amigos aos montes, só que eu nunca antes havia visto por onde todos eles se escondem, ou então nunca tivesse procurado, talvez até não procuraria, se a prima alegria na minha frente não tivesse saltado. Assim, como quem escolhia o melhor lugar para ficar, a alegria vasculhava entre a boca, os olhos, e nos ombros decidiu descansar, deitar eternamente no berço esplendido de uma gigantesca e descomunal pintura, feita com o mais alto esmero, auxiliada pela mão da doçura. Aquela tímida e orgulhosa do trabalho que faz, se escondendo no vasto céu sem estrelas, pra se mostrar no som da voz que ela faz, e como ela se sente bem, ao ver que não é somente ela quem ouve, até o mais acanhado desejo, que fica ali perto do queixo, se deleita nessa voz dia e noite. E como tudo foi ficando claro, ficando limpo, ficando certo, tudo se encaixava com perfeição, organizada pelo amor maestro, aquele que se sente parte de tudo, que se une com a timidez, que trabalha seguindo suas leis e que se respeita acima de tudo. Eita esse amor solidário, não nega estender a mão, se divide nas tarefas dos olhos, ouvidos e coração, ajudando o medo a se encontrar, pedindo pro nervosismo se controlar, aconselhando a raiva a se deter, fazendo tudo isso funcionar. Mas porquê? Pra que e pra quem? O que fiz eu pra merecer enxergar o mundo que do meu entendimento faz piada? Mas percebi que essa não era a questão, o que importa não é a minha compreensão, isso tudo era uma ciência exata. Firme, um cálculo sem erro, que somava as virtudes de alguém como ela. Que tinha como amizade intima as características mais belas, o defeitos mais louváveis, os sonhos mais possíveis, a vontade mais palpável, os sentimentos infinitos e os desejos mais saudáveis. É uma ciência complexa, que não expressa em números e graus o quão especial existe dentro das palavras que dela ainda não saíram, do quanto os cálculos e formas não explicam a porção de acertos que ela mesmo faz no destino, o mesmo que lhe trouxe a luz de ser uma moça que vale mais que mil palavras, mil imagens. Creio que nem os mais filósofos dos seres, o mais esperto dos prazeres e o mais sagas dos seres poderiam se quer questionar tudo isso que eu, um simples e mero mortal, do qual tem um mudo próprio, nada nada normal pude ver. Talvez tivesse sido abençoado porque as forças do universo sabem que eu nãos iria capaz de descrever. Mas ainda posso afirmar. E algo eu tenho a dizer. O amor no olhar dela é Alfa, a beleza sincera me gama, o sorriso perfeito é Betta, e seu falar mais... você se apaixona.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Matos

Se você se sente assim como eu me sinto, venha, chegue perto, mas venha prestando atenção, chegue ouvindo a batida do meu impaciente coração que acompanha o ritmo dos passos seus. Venha e se sente, ao meu lado, pode me abraçar se quiser, não nego ajudar se eu puder, só me deixe antes limpar os olhos, me certificar de que desse sonho que vivo eu não precise acordar. Depois me beije, sorria alegremente e com os olhos me lace, me prenda e então me solte novamente, só não atribua a sorte o mérito de me apaixonar por cada centímetro de você e depois não finja que não sabe o porquê de te querer, até porque perfeição nesse mundo só o teu espelho pode ver.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Amostra

Escrevi algumas palavras no ar, aquelas que somente eu enxergava. Minha mente traduzia de forma simples e clara, as mais diversas expressões que faziam parte de uma história muito mal contada. Levantei a cabeça e diante dos meus olhos vislumbrei um mundo totalmente diferente da realidade presente nos meus mais belos sonhos. Imaginei-me mais um personagem dos mais fadados contos, mitos e aliás, minto, minha imaginação já se baseava em uma certeza única, em uma solidão singular. Depositei toda minha confiança nas poucas lagrimas de uma nascente profunda, transformei o resto de outras palavras em um muro das lamentações continuas, que se estendia na imensidão de um horizonte qual eu não tinha como mais enxergar e coube apenas começar uma caminhada que se dava início em um espaço aberto e se desenrolava seguindo a direção do infinito,  o coração que batizado pelo fogo de um amor onipotente, nasceu de novo e se deu o nome de terra santa, fertilizado pela fé, fazendo assim brotar a esperança que me faria companhia e que certamente presenciaria comigo o sorriso de alegria daquela alma que sentia falta da minha.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Quando eu ligo pra Betta

O telefone dela toca em um som estridente, do qual eu de longe não consigo se quer ouvir, mas do meu lado da linha, tem um coração latente, que rompendo o silencio bate forte, bate muito, se bate e rebate um nervosismo que leva a minha assinatura, uma leve dose de ansiedade com um pequeno toque de ternura, de uma criatura que desperta ao som do alô que ela não fala. E dela não se ouve quase nada, mas como qualquer outra princesa encantada ela precisa respirar. E como ela respira, respira a medida que eu inspiro, acredito que ela seja apenas a princesa, pois o encanto ficou comigo e de fato, me encantou. De repente, mesmo eu que sempre fui bom com as palavras, percebi que elas já não me acompanhavam. Tive que catar no ar, antes mesmo respirar pra poder então dizer, tudo aquilo que hoje já está esquecido, o tão pouco que te fez sorrir e que além da respiração eu pude ouvir. Meu prêmio, ganhei minha recompensa, isso sim é bonito, o teu sorriso compensa, disfarça um nervosismo nobre e abre as asas de uma alegria sincera, de uma bondade extremamente severa, de uma princesa não mais encantada, de um bobo sem fala, não mais tão esperto, que vive lembrando daquele dialogo quieto, no qual foi dito mais do que ele esperava ouvir, e que um dia quem sabe ela também descobriria o quanto ele gosta de tudo aquilo sentir. Ela não precisa nem falar, só basta sorrir, pra ele sorrir de volta, e novamente feliz poder dormir.

sábado, 7 de setembro de 2013

Betta: A panda

Em um dia de chova qualquer, num frio que me acostumei a não sentir, percebi o quanto seria diferente, se algo me fizesse sorrir. É, exatamente, sorrir, como nunca mais havia. Sorrir com os olhos, abertos de alegria. Sorrir com a boca, que meramente se mexia, que calmamente sentia a agonia de não poder falar, pelo menos não só aquilo que lia, enquanto com os dedos eu sorria. Cheguei até a chorar, suava pela mão que usava a digitar, na esperança de cada palavra acertar, não deixar transparecer a quantidade de saudade, de “será que é verdade?” que começava a aparecer. E foi assim confuso e com um click de mágica, me vi preso em uma página a qual eu mesmo quis me acorrentar. Me vi sendo levado, por palavras que não podia escutar e mesmo assim me senti tentado, a muito além disso poder chegar. E cheguei, aliás, nós chegamos, assim como quem não quer nada, querendo tudo, sendo o velho novo bobo, cego surdo e mudo, quando se trata de pôr pra fora, aquele seu pequeno próprio mundo, que começara a dividir, com aquela estranha que te fez sorrir, e sorriu de volta, sem você nem mesmo, ver, e saber, ou sentir, mas quem uma dia diria que é mentira? Quem um dia se quer ousaria, desafiar a simplicidade que o Aigo dela tem? É uma coisa estonteante, extremamente inquietante, a maneira com que eu me senti, em apenas conversar com ela, a menina panda de vergonha amarela, que fica vermelha em um piscar de olhos. A como queria poder ver esses olhos e agradecer, por compartilhar comigo seu tempo, e por ocupar o meu, que deveria ser gasto, pensando no que aconteceu com toda aquela vontade de sorrir.