sábado, 7 de setembro de 2013

Betta: A panda

Em um dia de chova qualquer, num frio que me acostumei a não sentir, percebi o quanto seria diferente, se algo me fizesse sorrir. É, exatamente, sorrir, como nunca mais havia. Sorrir com os olhos, abertos de alegria. Sorrir com a boca, que meramente se mexia, que calmamente sentia a agonia de não poder falar, pelo menos não só aquilo que lia, enquanto com os dedos eu sorria. Cheguei até a chorar, suava pela mão que usava a digitar, na esperança de cada palavra acertar, não deixar transparecer a quantidade de saudade, de “será que é verdade?” que começava a aparecer. E foi assim confuso e com um click de mágica, me vi preso em uma página a qual eu mesmo quis me acorrentar. Me vi sendo levado, por palavras que não podia escutar e mesmo assim me senti tentado, a muito além disso poder chegar. E cheguei, aliás, nós chegamos, assim como quem não quer nada, querendo tudo, sendo o velho novo bobo, cego surdo e mudo, quando se trata de pôr pra fora, aquele seu pequeno próprio mundo, que começara a dividir, com aquela estranha que te fez sorrir, e sorriu de volta, sem você nem mesmo, ver, e saber, ou sentir, mas quem uma dia diria que é mentira? Quem um dia se quer ousaria, desafiar a simplicidade que o Aigo dela tem? É uma coisa estonteante, extremamente inquietante, a maneira com que eu me senti, em apenas conversar com ela, a menina panda de vergonha amarela, que fica vermelha em um piscar de olhos. A como queria poder ver esses olhos e agradecer, por compartilhar comigo seu tempo, e por ocupar o meu, que deveria ser gasto, pensando no que aconteceu com toda aquela vontade de sorrir.

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