O telefone dela toca em um som
estridente, do qual eu de longe não consigo se quer ouvir, mas do meu lado da
linha, tem um coração latente, que rompendo o silencio bate forte, bate muito,
se bate e rebate um nervosismo que leva a minha assinatura, uma leve dose de
ansiedade com um pequeno toque de ternura, de uma criatura que desperta ao som
do alô que ela não fala. E dela não se ouve quase nada, mas como qualquer outra
princesa encantada ela precisa respirar. E como ela respira, respira a medida
que eu inspiro, acredito que ela seja apenas a princesa, pois o encanto ficou
comigo e de fato, me encantou. De repente, mesmo eu que sempre fui bom com as
palavras, percebi que elas já não me acompanhavam. Tive que catar no ar, antes
mesmo respirar pra poder então dizer, tudo aquilo que hoje já está esquecido, o
tão pouco que te fez sorrir e que além da respiração eu pude ouvir. Meu prêmio,
ganhei minha recompensa, isso sim é bonito, o teu sorriso compensa, disfarça um
nervosismo nobre e abre as asas de uma alegria sincera, de uma bondade
extremamente severa, de uma princesa não mais encantada, de um bobo sem fala,
não mais tão esperto, que vive lembrando daquele dialogo quieto, no qual foi
dito mais do que ele esperava ouvir, e que um dia quem sabe ela também descobriria
o quanto ele gosta de tudo aquilo sentir. Ela não precisa nem falar, só basta
sorrir, pra ele sorrir de volta, e novamente feliz poder dormir.
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