E muito antes dos nosso destinos,
nossos desejos, foram nossos olhos que primeiro se encontraram. Se encontraram
de uma linda forma. Uma forma nossa. Muito antes dos nossos pensamentos
ganharem forma, muito antes dos nossos sonhos criarem raízes, foram nossos
corações, os primeiros a cantarem, os primeiros a ditarem o ritmo que nos faria
feliz. E fez. Muito antes de saber que a amava, muito antes de saber que eu a
queria, muito antes daquelas lagrimas derramadas, muito antes disso ela sorria.
Ela sorria como não sorrir mais. Ela me olhava, como nunca mais vai olhar. E muito
antes de estar pronta pra dizer eu te amo, ela já sabia o que era me amar, já havia
experimentado da doçura, de ser a bela, a moça mais pura, de aos meus lábios tocar,
em meus braços recitar, o poema de amor que só ela sabia, que só ela dizia, e
que só nós dois sentimos. Só nós dois ouvimos. Só nós. Juntos. Rimos. E antes
de juntos não mais estar, antes mesmo do tempo nos pregar uma peça, nos trazer
pensamentos, vontades repentinas, desejos incertos, e o arrependimento das
palavras ditas, dos pedidos feitos, dos desfeitos. Antes mesmo de todo esse
fundo incerto. De todo esse mal correto. De todo esse eu não quero mais. Pude ver
em um sorriso doce, o mais doce que já vira, pude ver uma alegria única, em uma
única vez, um único instante, onde o som das minha palavras, eram
insignificantes, e a felicidade em seu rosto, rasgava o papel do presente. Mas o
presente maior era meu, e eu sabia que a dor maior seria. Ver o caminhar do
rosto feliz, do sorriso doce e da alegria. Ao menos um pedaço de mim ela leva. Um
pedaço de mim com ela ficou. Não sei se ela lembra quando pra ele olha. Não sei
se importa o seu pequeno valor. Só sei que o meu presente maior, na mente está
com seu lugar guardado, esperando novamente por seu sorriso ele ser rasgado,
pra novamente, se tornar seu. Se tornar novamente. Se tornar Abreu.
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