sexta-feira, 8 de março de 2013

Mulier


Era o som da chuva que ditava o ritmo do seu caminhar. Seus passos, eram o compasso, do som que se punha a tocar. Pouco a pouco seus cabelos tomavam formas diferentes, ao enfrentar e o vento e bater de frente com o ar gelado que vinha em um sentido oposto. E as gotas da chuva, levemente banhavam e davam brilho ao seu rosto. Foi ai que vi uma forma de vida, diferente de todas das quais já tive o prazer de poder observar, e em instantes aquela forma, começara a me surpreender e minha visão, a mudar. Aprendi naquele momento, que bastava pouco pra reconhecer, que mulher a gente não acha, a gente não encontra, a gente aprende a ler. E não é fácil não. Quando a gente não sabe, a gente gagueja. Fica meio mudo em frente aquela que nos faz transpirar, que nos chama a atenção, ai nos resta ignorar, virar a cara e o coração. Muitas vezes a gente consegue aos poucos, pegar umas palavras, mas logo a interpretação de texto, vem com a nossa cara fazendo piada. É difícil compreender, a origem morfológica de cada gesto, a classe gramatical de cada qualidade. Não lembro ao certo de todos os verbos que ela me disse, nem dos substantivos que eu esqueci de gravar, mas aos poucos aprendi a ler, e em seu olhar, aprendi a interpretar. Interpretar o que era incerto, o que era de momento. A leitura nunca acaba, o que termina é o nosso tempo, a nossa vontade, o nosso desejo. Mulher é um ser infinito, um livro completamente incompleto, um livro sem começo. Ler é amor, e a leitura é amar. Quem ai nunca viu uma Mulher, com medo de barata, com unha feita, com vontade de cantar, dançar, achando que é feia. Quem ai nunca viu, uma Mulher dizer que te odeia, sorrir pra você, fugir de você. Isso é literatura comum, conhecimento que todo mundo vê e acha que lê na TV. Mulher de verdade é um clássico, aquele que você tem a certeza que só você vai saber ler. Que sô você vai querer. Mulheres são muito mais que páginas de um jornal na banca. Muito mais que revistas semanais. Mulheres são contos diários, contos vivos, não contos banais. Mulheres são folhas inteiras em branco, mas um branco que muito representa. Um branco que te dá a liberdade de escrever aquilo que sente, de desenhar o que deseja, e caso não se adeque, ou não a agrade, simplesmente, ela lê pela metade, ou vira a página, como bem sabe fazer. Mulher não é boba nem nada. Mulher tem que traduzir. Mulher se lê com um dicionário em mente, a bíblia no coração, e a fé ardente, esperança crescente, e com um sorriso alegre, se fazendo de entendedor. Para bom entendedor, meia palavra basta, mas para boa Mulher, meio entendedor é o suficiente? Será que Mulher de verdade se acha no direito de com qualquer um se sentir contente? A Mulher merece de nós a total dedicação. Nos cabe reconhecer, ajudar, muito mais que estender a mão. Se estender. Se entender. Ser entendido. A Mulher nos faz crescer, a Mulher nos faz sonhar. A Mulher nos dá a chance de uma vida começar. De pôr em pratica não só aquilo que lemos durante nossa juventude, mas o que aprendemos da vida, o que aprendemos da Mulher mãe, da Mulher amiga. O que lembramos da Mulher mãe duas vezes, da Mulher inimiga. O que vivemos com a Mulher que ensina, com a Mulher que aprende. E todas essas experiências, são marcas, crescentes, na vida daquele que deseja ser um homem, que começa a formar a família e que ao lado da Mulher esposa, passa por todos esse processo novamente. A Mulher esposa mãe briga. A Mulher esposa mãe chora. A Mulher esposa mãe se irrita. A Mulher esposa mãe se apavora. A Mulher esposa mãe é sua. É seu dever dela cuidar. E ai quando tiver tempo, quando sentir que é a hora certa, em uma noite qualquer, com a sua mente deserta, pense em você. Pense nela. A ame pela manhã. A ame de forma aberta. E se precisar aprender a ler de novo, por favor não tenha vergonha. Esse erro só podemos cometer uma vez, e garanto a você que aprender a ler de novo, dói bem menos que aprender a escrever.

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